Como endocrinologista, acompanho de perto os desafios que muitas mulheres enfrentam na menopausa — e posso te dizer: os fogachos e a insônia não são meros incômodos, eles impactam de verdade a qualidade de vida. Por isso, a chegada de uma nova medicação não hormonal, que age diretamente no cérebro, bloqueando os mecanismos que causam esses sintomas, é algo que me anima bastante. Principalmente porque oferece uma alternativa segura para quem não pode ou não quer fazer reposição hormonal.
Muitas mulheres que atendo têm receio do uso de hormônios, seja por histórico de saúde ou por medo mesmo — e até pouco tempo atrás, a nossa margem de manobra era limitada. O que esse novo remédio traz é justamente a possibilidade de tratar os sintomas mais intensos, como o calorão e a dificuldade para dormir, sem mexer nos hormônios. Isso é revolucionário, porque respeita a individualidade de cada corpo e amplia nossas opções no consultório.
Claro, ainda precisamos observar os efeitos a longo prazo e entender melhor como será o acesso aqui no Brasil. Mas ver a ciência olhando com mais atenção para o bem-estar da mulher nessa fase da vida — e oferecendo soluções mais personalizadas e seguras — é motivo de esperança. É um passo importante para que a menopausa deixe de ser vista como algo a ser apenas “suportado” e passe a ser vivida com mais leveza e dignidade.